sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estrela Cadente

Quando teria se dado conta de que existia? Seja como for, quando isso ocorreu, já estava caindo através do vazio sem fim. Sentiu-se solitária e desamparada, imersa naquela escuridão tão intensa. Sua existência foi curta: pouco pôde ver além das luzes de outras estrelas, trama fina de delicados pontículos, aqui, ali e acolá.

Foi o suficiente, contudo, para que pudesse indagar-se: por que e para que existiria? Seu brilho frio nem de longe se comparava ao calor cheio de vida de um sol. Em um universo tão vasto, tão repleto de outros astros, que diferença faria? Desde o início sentiu quão curta seria sua vida e lamentou que tivesse de ser assim, tão efêmera e insignificante. Resignou-se então, sem entender, a essa breve passagem por este mundo. Viu pedaços diversos de seu corpo se desprenderem enquanto dava seu primeiro (e último!) suspiro e, sem chorar, continuou a cair, até não sentir mais nada.

Nunca chegou a saber, no entanto, quantos sonhos inspirou durante o segundo em que, desfazendo-se em poeira cósmica, iluminou a noite.

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