quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Curitiba

Viajei para Curitiba no fim da semana passada e realmente gostei de lá. As casas em geral têm quintal, são bem espaçadas umas das outras e há bastante verde pelas ruas, gostosas de se passear. Senti que se eu, por exemplo, tivesse uns 50 anos, estivesse em situação de estabilidade e quisesse viver em um ritmo diferente do de São Paulo, gostaria de ir para lá. Mas dá para ver vários prédios sendo erguidos - parece que a cidade está em processo de verticalização, e tenho a impressão de que até eu estar nessa condição de "estabilidade" (seja lá o que isso for de verdade) ela estará parecida demais com São Paulo para o meu gosto. O sistema de ônibus é como um metrô de superfície, muito eficiente (mas, infelizmente, isso nunca daria certo aqui) - passeamos bastante usando ele. O único porém, na opinião de alguns, são as pessoas: pensando bem, todas as vezes em que pedimos informações nos deram errado, e teve um cobrador de ônibus que se esqueceu de nós e nos deixou uns dois pontos ladeira abaixo do lugar onde havíamos pedido para descer, sem dizer absolutamente nada quando percebeu o erro. Sorte que uma senhora mineira se ofereceu para sair do seu caminho e nos mostrar o caminho certo.
Mas apesar disso, e do tempo sempre nublado/chuvoso, o que gostei mais foi a tranqüilidade: ainda acho que é um bom lugar.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Na sala de espera

As pessoas esperavam sentadas em bancos, alternando sua atenção entre o relógio, o branco da parede e o televisor. Um recém nascido começa a chorar nos braços da mãe, que o aconchega no colo para dar-lhe do seio.

Sentada em outro banco uma mulher de meia-idade assiste à televisão, imóvel, com a concentração dos que, recebendo de forma passiva um estímulo contínuo, encontram descanso para a mente. O tempo flui enquanto ela existe, nesse instante, sem pensar em coisa alguma.
Poucos lugares à sua direita um homem crispa os lábios: seu olhar fixo na parede denuncia que, imerso em pensamentos, vaga por outras paragens. Sem saber, ele tem mais em comum com sua vizinha do que se poderia imaginar: os problemas, fervilhando, ocupam-lhe a mente e o ser, mas da mesma forma é como se ele não fosse.

Tendo terminado de amamentar o bebê, a mãe segura-o junto de si oferecendo com ternura o calor do corpo, onde ele se recosta. Este, tendo saciado sua fome e sentindo-se confortado com o contato e olhar da mãe, pouco depois começa a dormir, alheio a todo o resto.

Na sala, os outros dois eventualmente olham para mãe e filho, e por um momento sentem verdadeira paz.