segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Carta encontrada dentro de uma garrafa

"Não sei o quanto importa, na verdade, quando se gosta de alguém e essa pessoa não sabe disso. Para você, é claro, importa muito: é você que passa um tempão pensando nela enquanto faz um monte de coisas, como ficar zangado ou continuar seu trabalho. Fica se lembrando das coisas que a fazem ser uma pessoa bonita e da última demonstração de carinho que ela teve, tentando descobrir se em algum ponto ou momento algo em algum olhar denunciou qualquer coisa além de amor fraternal. E, é claro, pensa nas chances de um relacionamente realmente dar certo e se obriga a lembrar dos fatores que tornam isso pouco viável. Eventualmente se pergunta: ó Deus, ó vida, ó destino - por que as coisas têm que ser assim. Mas e se fosse recíproco? E se você tivesse um pouco mais de coragem? Você teria coragem? E com sua cabeça fazendo essencialmente esse percurso de pensamentos continua a cumprir suas obrigações e prossegue com o que tem de fazer, ocupando sua mente em um nível superficial com todas as coisas que precisam ser processadas em cada momento, ao mesmo tempo em que mantém, em um nível mais profundo, sua paixão pulsando em banho-maria. O tempo passa. Você o vê passar e se pergunta quando enfim vai conseguir pensar nisso e sorrir, sabendo que aquela foi mais uma que o tempo curou, página passada, para então seguir em frente. E acaba pensando nisso até com uma nostalgia antecipada, porque sabe que, agora, apesar de tudo, gostar dela é tão bom, e que quando tudo isso passar você nunca mais vai sentir da mesma maneira o que sente quando pensa nela, e isso é muito bobo e um pouco triste. Mas mais triste, eu acho, é que tudo isso só importa a você e a mais ning- "

(o resto tornou-se ilegível por causa da umidade)

Um comentário:

  1. Dificilmente é recíproco. Mas eu sou da tese que relacionamentos se constroem, então sempre é preciso dar (ou criar) oportunidades...

    ResponderExcluir